sexta-feira, 29 de maio de 2009

Encerrando ciclos - Fernando Pessoa

"Sempre é preciso saber quando uma etapa chega ao final...
Se insistirmos em permanecer nela mais do que o tempo necessário, perdemos a alegria e o sentido das outras etapas que precisamos viver.
Encerrando ciclos, fechando portas, terminando capítulos. Não importa o nome que damos, o que importa é deixar no passado os momentos da vida que já se acabaram.
Foi despedida do trabalho? Terminou uma relação? Deixou a casa dos pais? Partiu para viver em outro país? A amizade tão longamente cultivada desapareceu sem explicações?
Você pode passar muito tempo se perguntando por que isso aconteceu....
Pode dizer para si mesmo que não dará mais um passo enquanto não entender as razões que levaram certas coisas, que eram tão importantes e sólidas em sua vida, serem subitamente transformadas em pó. Mas tal atitude será um desgaste imenso para todos: seus pais, seus amigos, seus filhos, seus irmãos, todos estarão encerrando capítulos, virando a folha, seguindo adiante, e todos sofrerão ao ver que você está parado.
Ninguém pode estar ao mesmo tempo no presente e no passado, nem mesmo quando tentamos entender as coisas que acontecem conosco.
O que passou não voltará: não podemos ser eternamente meninos, adolescentes tardios, filhos que se sentem culpados ou rancorosos com os pais, amantes que revivem noite e dia uma ligação com quem já foi embora e não tem a menor intenção de voltar.
As coisas passam, e o melhor que fazemos é deixar que elas realmente possam ir embora...
Por isso é tão importante (por mais doloroso que seja!) destruir recordaçõe
s, mudar de casa, dar muitas coisas para orfanatos, vender ou doar os livros que tem.
Tudo neste mundo visível é uma manifestação do mundo invisível, do que está acontecendo em nosso coração... e o desfazer-se de certas lembranças significa também abrir espaço para que outras tomem o seu lugar.
Deixar ir embora. Soltar. Desprender-se.
Ninguém está jogando nesta vi
da com cartas marcadas, portanto às vezes ganhamos, e às vezes perdemos.
Não espere que devolvam algo, não espere que reconheçam seu esforço, que descubram seu gênio, que entendam seu amor. Pare de ligar sua televisão emocional e assistir sempre ao mesmo programa, que mostra como você sofreu com determinada perda: isso o estará apenas envenenando, e nada mais.
Não há nada mais perigoso que rompimentos amorosos que não são aceitos, promessas de emprego que não têm data marcada para começar, decisões que sempre são adiadas em nome do "momento ideal".
Antes de começar um capítulo novo, é preciso terminar o antigo: diga a si mesmo que o que passou, jamais voltará!
Lembre-se de que houve uma época em que podia viver sem aquilo, sem aquela pessoa - nada é insubstituível, um hábito não é uma necessidade.
Pode parecer óbvio, pode mesmo ser difícil, mas é muito importante.

Encerrando ciclos. Não por causa do orgulho, por incapacidade, ou por soberba, mas porque simplesmente aquilo já não se encaixa mais na sua vida.
Feche a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a poeira. Deixe de ser quem era, e se transforme em quem é. Torna-te uma pessoa melhor e assegura-te de que sabes bem quem és tu próprio, antes de conheceres alguém e de esperares
que ele veja quem tu és..
E lembra-te:
Tudo o q
ue chega, chega sempre por alguma razão."

Fernando Pessoa



sexta-feira, 22 de maio de 2009

Aline, por ela mesma.

Pensei sobre mil coisas pra escrever, vários assuntos interessantes e construtivos, mas resolvi falar sobre alguém: Eu!
Ninguém melhor que eu, pra falar de mim mesma, afinal estou comigo há bons 19 anos, e me conheço profundamente, podendo somente eu ter certas idéias a respeito de mim.

Meus pais se casaram em 1987, só resolveram ter um filho dois anos depois disso. Fui feita em janeiro de 1989, nasci em outubro do mesmo ano. Nasci grande e gordinha, as luvas e meias não cabiam em mim, meus dentes começaram a nascer quando eu tinha apenas dois meses de vida, comecei a andar com um ano e um dia, na minha primeira festa de aniversário fui de colo em colo, pra no dia seguinte resolver andar.
Com dois anos fui ao zoológico pela primeira vez e fiquei encantada com o leão, tão encantada que me perdi dos meus pais, que dez minutos depois me encontraram em frente à jaula do leão aos prantos, nesse mesmo dia descobri minha paixão por picolé de uva. Fiz books, testes, desfiles, mas não deu em nada, porque eu detestava fazer essas coisas. Me apaixonei uma meia dúzia de vezes até os meus seis anos, quando tive que me mudar, pois meus pais haviam se divorciado. Na época não entendi muito bem, nem tive traumas consideráveis.
Fiz ballet, natação, ganhei um presente de natal em março de 1998, quando minha irmã nasceu (eu pedi ela de presente), e foi o melhor presente que eu poderia ter pedido.
Um dia me dei conta que cresci e já estava com os meus 13 anos, pensando em garotos, fazendo as unhas, cuidando do cabelo, e me apaixonei mais uma meia dúzia de vezes. Tive a fase de roqueira, patricinha, alternativa. Achei que tinha o maior problema do mundo, chorei por amores não correspondidos, como toda boa adolescente exagerada e confusa, dei a volta por cima e em menos de uma semana já havia arranjado outro ‘amor’ para me ocupar.
É engraçado lembrar das coisas passadas e ver que em alguns momentos da vida precisamos quebrar a cara, nos decepcionar, errar, e assim construir uma história, construir um castelo com as pedras que nos deram.